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Faturamento da indústria óptica cresce 7,4%, mas a entrada de produtos ilegais preocupa o setor

Perspectiva é de aumento do faturamento, mas a entrada de produtos ilegais preocupa

Apesar da crise, o faturamento da indústria óptica cresceu 7,4% em 2017 em relação ao ano anterior, para RS 21,04 bilhões. Foi o primeiro aumento desde 2015. Ainda sem projeção oficial, a Associação Brasileira das Indústrias Óptica (Abióptica) acredita que o ritmo será mantido neste primeiro semestre. Um dos maiores desafios enfrentados é a pirataria. Segundo a entidade, 45% do faturamento do setor em 2016 vieram de produtos ilegais. De um total de RS 19,6 bilhões, cerca de R$9 bilhões ficaram nas mãos de quem lida com produtos falsificados. Entre 2006 e 2016, foram apreendidos mais de 80 milhões de unidades de produtos ópticos piratas. Apesar disso, o setor está repleto de oportunidades.

“Os óculos perderam o estigma e, nos últimos anos com as grandes grifes, ganharam apuro estético no design e em qualidade. Óculos, hoje têm a ver com moda, comportamento”, diz Bento Alcoforado, presidente da Abióptica. Segundo ele, o país passa por um período de transição, com a população envelhecendo, o que deve aumentar a demanda por óculos de correção. “Estimamos que apenas 36 milhões de brasileiros fazem correção visual. Há um potencial de cerca de 70 milhões de pessoas que talvez precisem de óculos e não usam por não terem acesso às consultas.” Para ele, há ainda oportunidades para lentes de contato, porque só 1% da população brasileira faz uso delas, enquanto na Europa a taxa é de 14% e no Japão de 20%.

Além da pirataria, de acordo com Alcoforado, a indústria enfrenta outros desafios. “Nosso mercado é composto por mais de 95% de insumos importados. Vemos com preocupação as recentes altas do dólar. E o setor precisa de regulamentação para derrubar as barreiras comerciais.”

Na Chilli Beans, que espera chegar a 870 lojas no país, há esforços para vender óculos de grau, fabricados desde 2010, como mesmo apelo fashion que os de sol têm. “No Brasil, de cada cinco óculos vendidos, quatro são de grau, e 70% das vendas acontecem em lojas de rua. Por isso estamos focados na abertura de franquias da Chilli Beans fora dos shoppings. Queremos vender óculos de grau como acessórios de moda. Por que ter só um?”, pergunta Caito Maia, fundador e CEO da empresa.

Com quase cem anos, a holandesa GrandVision, que comprou a Fototica no Brasil, tem cerca de sete mil lojas em 44 países da Europa, Ásia e América Latina. Aqui, são cem lojas, das quais metade é própria e metade franquia. A GrandVision by Fototica, como foi batizada, não revela números, mas garante que, apesar de tímido (um dígito), seu crescimento no país tem se mantido nesse patamar desde 2017. “Nosso foco está no crescimento das franquias. Somos fortes em lojas de shoppings e nos diferenciamos pela simplicidade. O cliente tem pleno acesso aos produtos, pela transparência, porque os preços estão à mostra, e por oferecer o menor preço e manutenção gratuita por toda a vida útil dos óculos”, diz Murillo Pietrovski, CEO da empresa, que pretende alcançar até o fim do ano o dobro de franquias que tem hoje.

Desde 2013, a Abióptica e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) preparam uma política industrial para aumentar a competitividade do setor, porque a importação de produtos semiacabados-com um mínimo de agregação de valor local é uma ameaça para o desenvolvimento da atividade. As ações planejadas e parcialmente executadas são: ampliação do mercado consumidor, adensamento produtivo e tecnológico e fortalecimento de competências críticas. “Temos de investir em capacitação, porque para ser vendedor em uma ótica é necessário ter conhecimentos específicos”, diz Alcoforado.

A capacitação também preocupa os fabricantes de produtos oftalmológicos. A Alcon vai inaugurar no segundo semestre, em São Paulo seu quinto experience center, centro de treinamento em cirurgias e salas de aulas. A empresa investe globalmente 22% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento apostando na inovação para alavancar o crescimento. “Nos primeiros meses do ano, o Brasil foi o pais que mais cresceu na América Latina” diz Luciano Marques, presidente da empresa.

Recentemente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), oNGenuity, da Alcon, é um equipamento para cirurgia oftalmológica que utiliza tecnologia 3D em alta definição para melhorar a visualização do olho por parte do cirurgião. Seu sistema é composto por uma câmera de longo alcance dinâmico (HDR), que fornece alta resolução. A empresa tem ainda o Sistema Optiwave Refractive Analysis (ORA) com tecnologia VerifEye+ que permite ao oftalmologista maior precisão nas cirurgias de catarata, lançado em 2017.

Inovação também é a aposta da startup brasileira Prevention, que tem como meta prevenir e evitar a cegueira. “Cerca de 80% da cegueira mundial é evitável mediante um teste preventivo. Os números são assustadores: a cada cinco segundos uma pessoa fica cega no mundo, e a cada minuto uma criança” diz Juliano Santos, fundador da empresa, que criou o Adam Robo. O objetivo é realizar testes de visão rápidos e precisos por meio de um equipamento portátil, que pode ser levado para áreas remotas, onde as pessoas sofrem com a falta de atendimento médico.

O desenvolvimento do Adam Robo durou um ano e é vendido ou alugado em três categorias: para atenção básica à saúde visual; o júnior, voltado para o uso pedagógico para crianças de três a 12 anos; e o aplicado ao trânsito e à mobilidade. Um dos lançamentos prevê um Adam Robo que conversa com as pessoas de maneira autônoma.

 

Fonte: Valor Econômico

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